A polêmica em torno das sementes transgênicas, embora legítima, deve ser abordada com seriedade e sem generalizações infundadas. O grão de trigo plantado no Brasil, por exemplo, tem sido vítima dessa falta de informação, quando se diz ser transgênico. Outra informação que carece de embasamento, é de que as sementes de trigo manipuladas geneticamente, produzem um glúten mais agressivo para a saúde.
Primeiramente é necessário estar ciente que a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia) só aprova o uso do trigo transgênico no Brasil à nível de pesquisa em laboratórios, ou seja não existem cultivares (plantações) de trigo transgênico em nenhuma lavoura brasileira.
Um segundo comentário a ser considerado, é que as técnicas de diagnóstico da intolerância ao glúten nos seus diversos níveis, se desenvolveu bastante, ou seja, mais pessoas estão sendo diagnosticadas. Será porque o glúten vindo de trigo transgênico está ficando cada vez pior, ou porque as técnicas de diagnóstico estão mais aprimoradas? Uma resposta honesta não pode ser imediatista.
O que é certo, é que nem todo o trigo utilizado no Brasil, vem de cultivares nacionais. Uma parte significativa do que consumimos, que corresponde a um pouco menos que 50% do total, é importado. Isso vai somar entre 2023 e 2024 cerca de 5,6 milhões de toneladas, sendo que o país do qual mais importamos, a Argentina, responsável por cerca de 90% das importações, utiliza o trigo transgênico. Existem cerca de 147 plantas industriais de moagem de trigo, espalhadas pelo Brasil. Saber para onde está indo o trigo argentino, é tarefa que requer pesquisa mais aprofundada, o que não é nosso objetivo.
De qualquer forma o Pão do Bento pode afirmar que não usa trigo transgênico, porque compra direto com um produtor de Minas Gerais e que nos deu uma informação bastante interessante. Seu cultivo é dedicado aos moinhos da região e estes se recusam a comprar trigo transgênico, justamente por conta da grande rejeição popular. Isso é um outro lado da moeda e que pode a ajudar a definir se o trigo transgênico vai ou não prosperar nas nossas lavouras.
Bento visita a plantação de trigo em Minas Gerais, onde compra a matéria prima diretamente com o produtor.
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